terça-feira, 19 de julho de 2011

Zélia nos transforma em fãs!

Nando Duarte, diretor musical do disco, e Zélia Duncan
         
          Com o perdão do trocadilho tosco: a Zélia é duca! Desde "Eu me transformo em outras", projetaço em que ela se colocou na arena do samba (quem não viu o DVD, corra pra ver) e mostrou que não tá pra brincadeira, Zélia nos transformou em fãs. Ali, ela recriou com uma graça tremenda um repertório escolhido a dedo, incluindo dois lados bês geniais do Wilson Baptista: "Eu não sou daqui" e "Boca de siri". Essa, então, é uma das minhas preferidas. Já ouviram? É uma ode à alegria, à leveza, à liberdade e à malícia da mulher... "Quem encontrar o meu moreno por aí / Faça-me o obséquio / Boca de siri!" Ha ha ha!
          Zélia Duncan não podia faltar nesse projeto. Nandinho Duarte já havia trabalhado com ela, fez o contato, e sua reação foi uma injeção de ânimo numa semana de várias respostas evasivas de grandes nomes da MPB. Zélia interrompeu a explanação do convite de Nando ao telefone e disse: "Wilson Baptista, Roberto Gnattali e Nando Duarte no mesmo projeto? Não precisa falar mais nada. Tô dentro."
          Semana depois, no dia 15 de outubro de 2010, lá estava ela no estúdio da Biscoito Fino, recém chegada de uma maratona em Chicago. Não era uma maratona de shows, não. Maratona maratona mesmo. E ela competiu! Descobri que Zélia é atleta, sequinha e mignon. E um doce. Quis ir logo pra cabine por voz à obra. A inédita "Que malandro você é!", de Wilson e Erasmo Silva (amigo e parceiro de Wilson na dupla vocal Verde e Amarelo), foi a escolhida. O arranjo é da dupla Nando Duarte e Marcelo Caldi, com uma sonoridade que remete a "Eu me transformo em outras", homenagem à Zélia e ao disco que tanto curtimos.

Zélia Duncan e eu

          Encontrei a letra desse samba há alguns anos, numa revista antiga, onde era citada como uma das promessas para o carnaval de 1956 na voz de Linda Baptista. Linda deve ter caitituado a música em rádio, mas não chegou a gravá-la. Muito tempo depois, consultando uns recortes de Erasmo Silva, guardados por sua viúva, D. Odília, encontrei a informação que faltava. Numa página avulsa de caderno, lá estava uma melodia manuscrita. O título não deixava dúvida: "Que malandro você é!". A junção de letra e melodia permitiu que o samba fosse finalmente gravado.
          Foi emocionante ver essa música - inédita há 55 anos - ser eternizada em disco com essa categoria!
          Zélia, sua participação foi demais! Arrepiou!

Nenhum comentário:

Postar um comentário