sábado, 11 de junho de 2011

Marcos Sacramento quebrou tudo!

 Nando Duarte, Claudia Ventura, Marcos Sacramento e eu no estúdio da Biscoito Fino

Marcos Sacramento dá uma última passada em "Fantoche", antes de gravar

          Nos dias 20 e 21 de setembro de 2010, foi a vez de Marcos Sacramento, esse craque absoluto da nossa música, aparecer lá no estúdio da Biscoito Fino. Não precisa dizer que o figuraço quebrou tudo, lógico. Que alegria, que escola, vê-lo em ação, recriando músicas que estavam há décadas presas em discos de 78 rotações, sem nenhuma regravação ou relançamento. Ele tem essa capacidade de cantar coisas antigas fazendo com que elas soem eternas. Além disso, Marcos é versátil como poucos, vai da suingueira total ao lirismo orlandiano, conforme a onda da música.
          Marcos sabe tudo de samba e vem gravando Wilson Baptista com regularidade em seus discos, coisa rara nos dias de hoje. Já fez registros muito legais de "Largo da Lapa", "E o juiz apitou", "Mil e uma trapalhadas" e "Esta noite eu tive um sonho", por exemplo. 
          Para o nosso disco de raras e inéditas, que batizamos "Reserva Especial", sugeri a ele quatro músicas nada óbvias de Wilson, daquelas fáceis de gostar já numa primeira audição mas difíceis de cantar, e que só um cantor da estirpe dele é capaz de encarar com tamanha desenvoltura. Gravamos as quatro. Meu desejo era que ele e Cristina Buarque fossem presenças recorrentes no disco, como leading crooners (por falta de definição melhor em português, vai em inglês mesmo).
          "Fantoche" é um samba-canção arrasador, de letra agressiva, que ficou perdido lá num disco do selo Star, de 1949, em gravação (que não fez marola) do divo Jorge Goulart. Me amarro na constatação final da letra: "És vaidosa e eu fui cretino / Por te amar com tanto amor". Reparem como o Marcos emite a nota final (bem aguda) com suavidade e precisão. "O princípio do fim" é uma música que eu sempre quis repaginar: a tese de que a ausência de ciúme, choro e briga numa relação é o princípio do fim é a cara de Wilson. O arranjo do Edu Neves, bossa-novado, arrebenta. Marcos, a meu ver, supera a gravação original de Déo, apressada demais. "Não sei dar adeus", também lançada por Déo, é outra beleza, custa crer que nunca tenha sido regravado nos últimos 72 anos, desde seu lançamento em disco. Parceria de Wilson e Ataulfo Alves. Luis Felipe de Lima assina o arranjo, que conta com solo mediúnico do super bandolinista Luisinho Barcelos. Marcos chega ao fim de sua participação arrepiando em "Apaguei o nome dela", parceria levanta-defundo de Wilson com o craque (na música e no basquete) Haroldo Lobo. Gafieira de bolso.

Um comentário:

  1. sou muito fã do marcos sacramento desde a primeira vez que o vi cantando no Aprazível no aniversário de um amigo, sempre teve um repertório de primeira, apaixonei de cara. Na foto acima então, o quarteto parada dura tá bombando, só talento, que arraso, essas gravações devem ter sido muito divertidas!

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