terça-feira, 7 de junho de 2011

Uma Rosa para Wilson

Rosa Passos e eu

 Julio Augusto e Rosa Passos pronta para gravar

Rosa mostrando a sua versão de "Oh, Dona Ignez!"

          Quando começamos a pensar nos convidados do disco, o nome de Rosa Passos já era uma unanimidade. Toda a equipe é fã dela e sonhava com isso desde o início. Vibramos quando ela – gentileza e dengo em pessoa – topou interromper um período sabático de dois anos para participar da festa, dando ao disco aquele "toque de classe" só seu. Moleza que não deu nem ao Wynton Marsalis, que a queria a todo custo para um concerto em Nova York.
          Dentre as opções enviadas, Rosa escolheu o samba "Oh, Dona Ignez!", lançado em 1940 pela cantora que mais gravou Wilson Baptista: Aracy (Telles) de Almeida. Rosa conta que João, seu neto, quando a ouviu ensaiar em casa, achou graça em descobrir seu nome na letra do samba (Quatro meses já passaram / Que eu não vejo o meu João / A empregada foi embora / Arranjou outro patrão), e também o de Ignez, sua outra avó. De minha parte, fui às nuvens quando Rosa me ligou, um dia, para mostrar a nova harmonia que criou para o samba. Ouvindo pelo telefone, imaginei que o disco ia ficar, sim, uma beleza. Rosa recriou o samba de um jeito que parece que ele já nasceu clássico - um verdadeiro standard, como dizem os gringos. Brincou com a divisão, com a emissão, suingou como só ela sabe fazer. Enfim, arrasou! (E ainda fez citação do “Samba do grande amor”, em homenagem a Chico Buarque. Mas só os atentos vão perceber.)
          "Oh, Dona Ignez!" também foi responsável por estrear o violão novo de Rosa, um Lineu Bravo batizado por ela de Braúna. Era dia 24 de setembro. Fomos lá em Brasília, eu e Julio Augusto (da Zucca Produções) fazer a gravação. Rosa foi de um carinho só e recebeu a gente em casa, onde almoçamos e papeamos antes de partir para o estúdio. Numa das paredes, um poster de sua apresentação no Carnegie Hall chamava a atenção. Foi a única cantora brasileira a se apresentar por lá, num show de voz e violão. Quem pode, pode! Onde é que estão as gravadoras brasileiras que não estão batendo em sua porta ou batendo umas nas outras na disputa por um contrato seu? Ê ê. Brasileiro é um povo sem auto-estima mesmo.
          Samba gravado, duas semanas depois Jorge Helder adicionou baixo acústico ao registro de Rosa, no estúdio da Biscoito Fino. Mas a sintonia entre ele e Rosa é tamanha que eu juro pela mãe que eles gravaram ao mesmo tempo.
          Em duas palavras: que categoria! Grande beijo, Rosa, e obrigado por tudo!

3 comentários:

  1. Rodrigo, em primeiro lugar, parabéns pelo projeto de resgate da obra do Wilson. Escrevo para avisar que postei uma resenha do disco em meu blog Notas Musicais, por onde transitam 2,6 mil consumidores de discos por dia. É um desenvolvimento da miniresenha que publiquei em minha coluna Estúdio desta segunda-feira do jornal O Dia. Enfim, é uma crítica do disco, mas superpositiva. Espero que goste. Abs, Mauro Ferreira

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  2. Em tempo, segue o link da resenha:

    http://blognotasmusicais.blogspot.com/2011/06/disco-duplo-da-dimensao-nacional-ao.html

    abs, MauroF

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  3. Valeu Mauro! Me amarrei na sua resenha (e também nos comentários dos leitores solidários à Céu hehehehe). Vou postar o link aqui no blog, blz? Obrigado! Grande abraço do Rodrigo!

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