quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Vinte e sete de setembro!

Dá-lhe Doum!

         
 Vinte e sete de setembro
          É o dia dos pequeninos
          Ai ai ai
          Vou dar doces aos meninos

          Na casa do Jorge Veiga
          No Largo da Abolição
          Todo ano se festeja
          São Cosme e Damião
          Tem foguete, tem cocada
          Tem violão, tem artista
          Vamos todos, meninada
          Lá pra festa do sambista

          Apesar de ter feito alguns sambas como esse, Wilson Baptista não era nada ligado em religião. Santos e quetais, quando aparecem em suas músicas, estão lá apenas para compor o quadro de uma crônica (como Cosme e Damião, nesse "Dia dos meninos" acima), para agradar amigos devotos (como nos sambas que ele fazia em homenagem a São Jorge), ou, ainda, para servir de piada (como na marchinha "Meia noite", onde o espírito de um caboclo baixa no terreiro somente para apanhar "mulher sem dono"). Portanto, não esperem encontrar no cancioneiro de Wilson alguém implorando "um lenitivo ao Criador" ou fazendo oferendas aos orixás, como sói acontecer na obra da maioria dos sambistas.
          Por isso, é no mínimo curioso que muitas datas-chave do projeto "O samba carioca de Wilson Baptista" tenham caído em dias de santo. Foi assim, por exemplo, com a estreia da temporada de verão do espetáculo no Teatro Carlos Gomes (um dois de fevereiro) e com o show de lançamento do disco homônimo, alguns meses depois, no mesmo teatro (um vinte e sete de setembro).
          Essa segunda data teve ainda um aspecto intrigante, de "ciclo que se fecha". Naquela madrugada, faleceu o querido Paulo César de Andrade, pesquisador porretíssima que, nos anos 80, gerou, sem querer, uma onda de paixonite pelo Wilson. PC gravou (e distribuiu entre os amigos) uma série de fitas-cassete com o supra-sumo da obra do sambista. As fitas, repletas daquelas gravações velhuscas extraídas de discos de 78 rpm, circularam pelo Rio de Janeiro até chegarem, em cópia-da-cópia-da-cópia, à Cristina Buarque. Inspirada pelas fitas de PC, anos depois, a cantora dedicaria um disco inteiro ao mestre do samba - o incrível "Ganha-se pouco, mas é divertido". Foi fazendo as artes do disco que me aproximei de Cristina e, por tabela, de Wilson Baptista. Aí o caldo engrossou!
          Mas chega de tergiversar! Depois de um tempão sem postar nada aqui no blog, volto à ativa para falar da noite de lançamento do disco no Carlos Gomes. A festa aconteceu no dia 27 de setembro de 2011, dentro do projeto "7 em Ponto", da Prefeitura, com ingressos promocionais a um real. Esse tipo de plateia, que chega cedo e enfrenta fila para garantir seu lugar, é sempre especial e mega receptiva. Não deu outra. Foi emocionante. O teatro abarrotado, o astral lá em cima.

Serviço do show de lançamento publicado pela Vejinha, cotado com três estrelas!

Teatro lotado e plateia calorosa!

          Tivemos a honra de contar com as canjas de Tantinho da Mangueira, Cristina Buarque e Marcos Sacramento, artistas convidados do "Reserva Especial", o disco que traz músicas raras e inéditas de Wilson. Tantinho se apresentou cantando "Rei Chicão" e "Mãe solteira". Cristina foi de "O teu riso tem" e "Vinte e cinco anos", e Sacramento de "O princípio do fim" e "Apaguei o nome dela". As canjas foram entremeadas com cenas do espetáculo, a cargo de Claudinha e desse que vos tecla. Fizemos "Chico Brito", Lapa, Polêmica com Noel, Hildebrando & Etelvina, sucessos do Café Nice, "Balzaquiana" e "La balzacienne", "Dolores Sierra", Chiquinho & José. Fechamos a noite todos juntos com "Meu mundo é hoje" e "Mundo de zinco". A festa, claro, foi dedicada ao amigo PC.

"Tinha que falar primeiro... Falar primeiro com o Rei Chicão..."

"Vou passear a Europa toda... até Paris!"

"Agora é que eu devia gozar a mocidade..."

"Se não fosse eu... Vivia tudo triste o ano inteiro!"

"Fiz um samba pra ela... Já não vou mais gravar... 
Tinha o nome de Estela... Eu mudei pra Guiomar!"

"Vamos lá que hoje é de graça... No boteco do José!"

Naife Simões, Geórgia Câmara, Tantinho, Cristina, Sacramento, 
Claudia, Levi Chaves, Rodrigo, Luís Barcelos e Nando Duarte

          No corredor de saída do teatro, o público pôde bebericar umas caipirinhas geniais preparadas pelo pessoal da Thoquino (aquela do conhaque de alcatrão São João da Barra e da vodca Kovak) e tirar fotos com o próprio Wilson Baptista - ideia da DasDuas, que produziu o evento em parceria com a Zucca.

Isabel Pinheiro e Carol Miranda, da DasDuas, fazendo chamego no mestre

Wilson, Claudinha e seus pais, Maria Helena e Sady

O glorioso Sidão Cruz (diretor do espetáculo) e Gisela de Castro, da Zucca

Coleguinha Ana Carbatti prestigiando

O público entrou na brincadeira... (Valeu Claudinha Youle!) 

          A todos que estiveram lá, muito obrigado!
          Obrigado aos músicos (parceirinhos-de-fé), aos queridos Tantinho, Cristina e Sacramento, ao pessoal do Teatro Carlos Gomes, à dobradinha Zucca-DasDuas e ao fotógrafo Kiko Vieira, que arrasou nos "instantâneos"!

4 comentários:

  1. Pô Cara, perdi!!! Foi uma festa e uma farra.
    Ainda bem que incumbi minha amiga Ana Carbatti de comprar o meu CD e pegar os autografos de vocês!!!
    Abração

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  2. Vixe, então o CD que a Ana tá segurando na foto é o seu!!! hehehe

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  3. Olá Rodrigo!
    Estou precisando de uma ajudinha: você sabe quem ou qual editora detém os direitos da obra musical de Wilson Baptista? Estamos querendo gravar Sistema Nervoso. A quem devo recorrer? Grata, Mariana

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    1. São várias editoras, Mariana. "Sistema nervoso", especificamente, foi editada pela Todamérica, cujo catálogo é administrado pela ADDAF. O tels que tenho aqui são 2233-0905 e 2253-2696. Boa sorte! Bjs

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