sábado, 10 de setembro de 2011

Céu, Edgard, Diogo e... Luzia

Céu e eu no Plug-In depois da gravação de "Nega Luzia"

          No dia 13 de dezembro de 2010, baixei em São Paulo bem feliz para gravar a última participação no disco de raras e inéditas de Wilson Baptista: Céu! O arranjo de "Nega Luzia" - a música escolhida - havia sido gravado algumas semanas antes aqui no Rio. Céu colocou a voz no Plug-In, simpático estúdio de seu irmão Diogo, localizado na Vila Madalena e decorado com fotos de, entre outros, Wilson Baptista (!), Noel Rosa, Vassourinha, Pixinguinha e João da Baiana.
          A participação de Céu merece um flashback. Há alguns anos, fuçando na internet, esbarrei numa entrevista dada por um produtor musical chamado Edgard Poças, que contava como conheceu Wilson Baptista e João Gilberto na década de 60, em São Paulo, ao se apresentar como violonista num programa de tv da Bibi Ferreira. Enviei umas perguntas a ele por email, ele me retornou e desde então nos tornamos camaradas. Edgard é apaixonado por Wilson Baptista. Botava os filhos, desde pequenos, para cantar lados-bês do mestre, como "Volta pra casa, Emília" e "Cowboy do amor". Essa última, aliás, foi regravada na década de 1980 pela Turma do Balão Mágico (!!) por insistência de Edgard, que, em sua bem-sucedida carreira de produtor musical, andou cuidando dos elepês do grupo.

Edgard diante das fotos de Noel Rosa e Wilson Baptista, na parede do Plug-In

          Edgard tem sido um super colaborador, contribuindo com seu entusiasmo contagiante e acionando seus contatos sempre que me vê "em perigo". Diz que faz tudo pelo Wilson! Hehehe. Outro dia, sabendo que eu precisava localizar umas gravações impossíveis de músicas do Wilson, fez sei lá que mágica e me enviou de São Paulo um CD com meia dúzia delas. Gravações antigas que nem os mega-colecionadores Leon Barg e Nirez tinham!

Edgard, Diogo Poças e eu
         
          Fiquei sabendo que Edgard é pai da Céu quase um ano depois de conhecê-lo, e mesmo assim, só porque ela mencionou seu nome numa matéria que saiu na Revista d´O Globo. Em algum momento Edgard tinha dito para mim que uma de suas filhas era cantora, mas nunca achei que fosse... a Céu!
          Bom, daí a convidá-la pro disco, foi um pulo. Ainda mais sabendo que cresceu à base de Wilson Baptista, entre outras paixões musicais do pai. Pensei inicialmente no samba-canção "Flor da Lapa", mas fechamos com "Nega Luzia", que imaginei interessante cantado por uma mulher, numa versão mais branda do que a original. Edu Neves soube traduzir essa ideia no arranjo, que ficou maneiraço. A referência era "Visgo de jaca", samba de Rildo Hora e Sergio Cabral que a Céu reinventou lindamente no disco "Vagarosa".
          "Nega Luzia" foi lançado em disco em 1956, cheio de veneno, por Ciro Monteiro. Ainda hoje é cantado nas rodas de samba cariocas, muito por conta de sua única (!!!) regravação, feita por Paulinho da Viola em 1973. Estávamos em 2010 e já era tempo de livrar Luzia novamente do "xadrez". A nega ganhou banho-de-loja e ressurgiu vagarosa, mais femme-fatale que barraqueira. Acabou sendo a música "menos rara" do disco, junto com "Essa mulher tem qualquer coisa na cabeça", as únicas que já haviam sido regravadas anteriormente.
          Céu, Diogo e Edgard: muito obrigado pela colaboração! Esse trabalho teria perdido muito sem vocês!
          A todos, convido darem uma checada no blog do Edgard, um almanaque-musical-virtual imperdível. É só clicar:
          http://www.edgardpocas.com.br/

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